31/08/2010

A CALMA DA FOTO




fotos do aniversário da Fundação Palmares


Fotografias. Gosto de fotos e de fotografar. Talvez nunca fotografei tão bem assim. Lembro-me do prazer de revelar filmes no Museu Lasar Segal, no curso de introdução a fotografia, com a Vera Albuquerque e o Clovis Loureiro. Foto Preto e Branco. E como nessa época eu era muito mais calmo. Habitava em mim o tempo da fotografia. O tempo sempre foi parceiro dos fotógrafos. O instante da captura da imagem, a escolha da foto em roles aleatórios, a satisfação da foto dentro da máquina. Hoje em dia impraticável e, até mesmo, impensável fotografar sem a certeza que as máquinas digitais nos dão. Víamos no rolo revelado, depois no contato e no ampliador. E o tempo seguia de forma harmônica. Cada filme exige uma quantidade de minutos e agitação para revelar as imagens... Água sob temperatura controlada, química feita em dosagens exatas, e sempre, claro, muita calma. Muita calma. Porém ser calmo não necessitava retirar o tempero da vida. Basta verificar o trabalho artesanal do Robert Frank, em “Americanos”. Sua contribuição sobre o povo estadodinense, muito longe da mentira “way american life”. Isso foi há um tempo atrás. Acreditávamos que a Polaroid realmente era instantânea. Outros tempos. As exposições fotográficas acabaram, junto com as iniciativas da área. Os fotógrafos não revelam mais, conectam a câmera aos seus notbooks, escolhem as mais adequadas e mandam para os clientes. A imagem caminha com a aceleração dos dias. Quanto mais rápido, mais imagens. Mas ninguém leciona leitura de imagem, aprende a ler imagens, interpreta imagens. Talvez nos livros infantis ( assim como nos gibis) trabalha-se mais a interação positiva entre imagem e texto- certamente pela temática para atrair a atenção das crianças. Imagem e literatura também deveriam ser pensadas com mais calma. Pena que nos falta é tempo.

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